Com o anúncio hoje das indicações ao oscar 2012, está oficialmente aberta a temporada de caça à famosa estatueta dourada. Dois filmes se destacam entre os indicados: A invenção de Hugo Cabret, filme voltado para o público infantil, do genial mestre Martin Scorsese; e a produção franco-belga O artista, de Michael Hazanavicius. O primeiro recebeu 11 indicações, enquanto o segundo 10.
Essas duas produções se remetem aos primórdios do cinema, fazendo homenagens aos pioneiros do cinema mudo. Na era do 3D, a sétima arte se volta para as suas origens pré-revolução sonora e nos convida a embarcar nessa aventura nostálgica.
O filme de Scorsese é baseado num best-seller infantil escrito por Brian Selznick (escritor descendente do visionário produtor de ...E o vento levou, David O. Selznick) e foi um pedido de sua filha Francesca Scorsese, que, após ler o livro, o intimou para que fizesse o filme para ela. O velho Martin não podia ter dado um presente melhor a sua filha, A invenção de Hugo Cabret é um filme belíssimo, tecnicamente perfeito, extremamente envolvente que, em cima de uma trama leve de aventura, presta uma homenagem à invenção do cinema e à figura e obra de Georges Méliès. Tudo no filme é lindo, mas vale destaque a reconstituição dos estúdios de Méliès e a encenação da primeira sessão de cinema realizada pelos irmãos Lumiére na Paris de 1895.
Já o filme de Hazanavicius pode entrar para a história do cinema, sendo o primeiro filme de produção estrangeira (não-americana ou britânica) a levar o oscar de melhor filme; o primeiro em p&b, desde A lista de Schindler, e o primeiro mudo, desde Asas, que venceu o troféu em 1929, na primeira edição do prêmio. E tudo indica que O artista fará mesmo história! Essa ousada produção (é fora do comum a produção de um filme mudo e em preto-e-branco nos dias de hoje) traça uma trama bela e humana sobre a Hollywood da passagem dos anos 20 aos 30 do século passado, onde o advento dos filmes sonoros revolucionou a produção cinematográfica mundial. Com influências nítidas de Cantando na chuva (1952) e Nasce uma estrela (1937), O artista revela ao mundo, também, o talento do ator francês Jean Dujardin, que já foi premiado no Festival de Cannes e merece o oscar por seu desempenho como o astro decadente George Valentin, protagonista da trama. Dujardin está a cara do saudoso Fredric March, protagonista de Nasce uma estrela.